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Função não é Identidade

Desde cedo, ouvimos perguntas como:

“O que você quer ser quando crescer?”


Parece uma pergunta inocente, mas pense bem: como é que uma criança — que mal teve tempo de se conhecer — deveria responder isso? Aos poucos, somos levados a acreditar que “ser” e “fazer” são a mesma coisa. A profissão vira a definição da Identidade. E se você não sabe o que quer “ser”, passa a acreditar que tem alguma coisa errada com você.


Essa pergunta deveria ser muito mais profunda:

“Quem é você quando ninguém está

te cobrando nada?”

“O que te dá prazer em existir?”


Mas ninguém nos ensina a buscar essas respostas. Em vez disso, a vida vai se enchendo de fórmulas prontas: faça uma faculdade, arranje um emprego, construa uma carreira. Só que isso não é identidade — isso é ocupação.

Identidade é aquilo que sobra quando

você perde tudo.


A sociedade inteira empurra a gente para confundir identidade com função. Se você trabalha como motorista, as pessoas logo pensam: ela É motorista. Se você trabalha como cabeleireiro: ele É cabeleireiro. Mas... e quando você está em casa, descansando? Quando está doente e não pode trabalhar? Você deixa de existir? Óbvio que não.


O problema é que crescemos sendo ensinados a nos apresentar pelo que fazemos — não pelo que somos. Isso cria uma prisão invisível. Você vira aquilo que te dá dinheiro. Se não tiver um emprego “importante”, dizem que você não tem valor. E o pior: até você passa

a acreditar nisso.



Sua identidade não é sua função. Sua função é só um pedaço minúsculo da sua história.


 
 
 

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